1882-1908
Uma Primeira Tentativa
À semelhança de outras cidades do interior de SP, especialmente a partir da segunda metade do século passado, quando o café expandiu-se pelo estado fomentando sua economia, trazendo em seu bojo novas culturas vindas com os imigrantes europeus, que adentravam o Estado através das linhas férreas recém instaladas, Jundiaí veio a sentir a necessidade de novas e maiores aberturas no setor cultural.
Não é por acaso que, já em 1882 (15 após a instalação da Companhia Paulista de Estradas de Ferro), José Feliciano de Oliveira, mais tarde um ilustre filho da terra, procura organizar o primeiro Gabinete de Leitura local.
Com apenas 14 anos de idade, José Feliciano, então secretário de José de Queiroz Teles, juntamente com Joaquim Teixeira Carvalhosa, propôs à Câmara Municipal a fundação de um Gabinete. Nesse empreendimento teve o apoio de mais de quarenta cidadãos, todos sócios contribuintes. Entre os sócios, nomes da elite econômica e intelectual da cidade tais como “todos os Queiroz Teles, inclusive o Barão de Japi, J. Flávio Martins Bonilha, Artur C. Guimarães (futuro diretor de instrução pública), Miguel Brito Bastos (mais tarde desembargador), Carolino Bolívar de Araripe Sucupira, Francisco de Paula Cruz (chefe do Partido Republicano) e Inácio Arruda (juiz e desembargador)”(1 ).
Este Gabinete pioneiro, sobre o qual informações têm sido pinçadas de documentos esparsos, pode-se afirmar com bastante segurança, teve um curto período de existência, não vingou.
Uma surpresa e muitas incógnitas
Anos mais tarde, em carta destinada a Conrado Offa, um dos fundadores do atual Gabinete de Leitura Ruy Barbosa, José Feliciano diz: “Desejava que désseis informações sobre o Gabinete de Leitura – sua fundação, progresso e condição de estabilidade. Minha antiga experiência na matéria faz-me admirar que essa utilíssima instituição já dure 22 anos.”(2 )
Qual não seria a surpresa de José Feliciano de Oliveira, ao saber que a entidade já passa dos 90 anos de existência.
De qualquer forma, se em 1930 causava espanto a longevidade da entidade, muito tem-se por explicar ainda sobre como nos anos de 30 a 60 a entidade não somente sobreviveu, como quais eram os interesses de seus associados e a função que cumpria no município. Perguntas tais como: por que o poder municipal não assumiu o lugar do Gabinete, mantendo uma biblioteca pública e centro cultural na cidade ?; haveriam livrarias ou outras opções para compra de livros na cidade ?; qual a composição social dos sócios da entidade ?; até quando o Gabinete mantém laços estreitos com a Companhia Paulista de Estradas de Ferro, que é de onde se originam seus fundadores ?; qual a imagem que o Gabinete transmitia à população em geral ?; etc. Muitas dessas perguntas só serão solucionadas depois de um árduo e eficiente trabalho de pesquisa científico.
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1 Campos, Moacir. Uma Grande Mestre (José Feliciano de Oliveira), in Revista do Professor, jul. 1959, pág. 22
2O Gabinete, Ano XXIII, no. 3, 28-3-1931, p. 2
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